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Nas cidades pequenas, curiosidades em tempos eleitorais

Com 8.420 eleitores, Pedro de Toledo é o retrato da grande maioria das cidades brasileiras


por Reinaldo Soares de Lara


Neste período de eleições nos municípios brasileiros, as atenções se viram principalmente para as grandes capitais e polos econômicos do país. Mas nem todas as cidades são grandes ou médias. Em maioria numérica, os pequenos municípios também fazem parte da festa da democracia. 

Uma delas é Pedro de Toledo, no Vale do Ribeira. A cidade de 10.977 habitantes (Seade/2020) tem 8.420 aptos a votar (TSE ago/2020). Na última eleição, os vereadores foram eleitos por 100 a 200 votos. Já os prefeitos tiveram disputas por pouco mais de 1 mil votos.

Numa cidade pequena, onde os moradores se conhecem, esse tipo de situação não poderia deixar de influenciar a política. Prefeitos e vereadores, tanto candidatos como eleitos, são em grande parte amigos, irmãos, primos, clientes, vizinhos e até mesmo conhecidos de igrejas da cidade. O prefeito atual pelo DEM, Eleazar Muniz, é um exemplo. O candidato foi pedreiro por parte de sua vida e foi eleito em 2016 com  24,82% dos votos (1501 votos).

Prefeitura de Pedro de Toledo, um dos cargos mais disputados da cidade

Há quem conheça os candidatos desde a infância, como o fisioterapeuta Rodrigo Fernandes Cardoso, de 38 anos, amigo de longa data do atual prefeito. “Morávamos no Morro do Piolho. Curtimos muito tempo juntos, jogamos futebol, carrinho de rolimã e pipa. Éramos muito próximos, até karatê começamos juntos”, lembra Rodrigo.

Outro que compartilhou do mesmo sentimento foi o despachante aduaneiro Jurandir Moura da Silva Filho, de 46 anos. “Nossas famílias até hoje tem uma amizade muito boa, ainda trocamos preocupações e conversamos, pois muitas vezes em nossas vidas dividimos as dificuldades também em família”, relata Jurandir.

Em 2016, quando Eleazar foi eleito, a notícia foi um misto de emoções para os dois. Na visão de Rodrigo, não foi surpresa, pois conheceu o plano de governo do então candidato e apostou em sua capacidade. Já para Jurandir, a surpresa foi o fato da vitória ser de um candidato de primeira viagem, ou seja, uma “cara nova”.


E os vereadores?

Os vereadores também não ficam de fora deste bolo. Afinal, as disputas em Pedro de Toledo ficam a cargo das influências, famílias, igrejas (em maioria evangélica) e reconhecimento em cargos públicos, o que pode representar cerca de 50 votos para cada núcleo. Além disso, numa cidade como Pedro de Toledo, os moradores podem encontrar com naturalidade os eleitos em sua vizinhança, frequentando bares, feiras e eventos da região.

Para Celso Vicente Bezerra Filho — o Celsinho, de 41 anos, candidato à reeleição pelo PSB, a decisão do eleitor pode vir tanto do reconhecimento do trabalho, como com quem você anda. “São dois lados. Tenho pouca família, porém, tenho muitas pessoas que acreditam em mim. Tem muita gente que, às vezes, sai como candidato e só a família vota”, diz.

Já para Milton Rodrigues de Mello — o Miltinho, 34 anos, candidato do DEM  à reeleição, as estratégias e o projeto político precisam ser revistos com estudo e planejamento por conta do mesmo. “Às vezes sai um candidato de uma família só para cumprir chapa, pois o partido precisou, ou seja, ele não vem para a disputa e ainda atrapalha”, relata.

Já sobre a questão do diferencial em uma cidade pequena como Pedro de Toledo, Miltinho aponta para o acesso mais fácil aos vereadores e a exposição, que aumenta por conta da proximidade. O candidato não vê problema em estar presente nas ruas e nas redes sociais, mesmo recebendo cobranças de todo tipo, até mesmo que, segundo ele, não compete a um vereador. 

Recentemente, após um imbróglio com os ônibus intermunicipais na cidade, o candidato fez um vídeo expondo os problemas locais, após a falta de atendimento da ARTESP (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) com o caso.

A história fica diferente ao olhar de Geovani Cicero da Silva Andrade — o Geovani, de 39 anos, também do DEM. Para ele, a proximidade facilita, abre espaço para uma campanha mais humanizada e inclusive não a deixa mais acirrada. 

“Os eleitores já tem sua opção de voto de acordo com o caráter do candidato. Em cidades grandes, geralmente, o eleitor vota no candidato sem  conhecê-lo, somente por sua proposta de governo”, diz.

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