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Mulheres ainda são minoria na política, apesar das conquistas ao longo da história

  • Foto do escritor: piunisanta
    piunisanta
  • 13 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Na Baixada Santista, de 81 candidatos ao Poder Executivo, 13 mulheres concorrem às prefeituras este ano. Em meio a essa disparidade, o número representa um avanço tímido na região, se comparado a 2016. Nas últimas eleições municipais, de 62 candidatos, apenas cinco eram mulheres. Se para cargos como este, a candidatura por si só já é um desafio, vencer uma disputa eleitoral ainda pode parecer longe do alcance de muitas mas não é.

Telma de Souza, do PT, é um destes exemplos. Foi uma das fundadoras do próprio partido há 40 anos e desde então tem seguido a paixão herdada do pai e da mãe. Ela não só foi prefeita, em 1989, como já foi três vezes vereadora, três vezes deputada federal, com uma suplência, e três vezes deputada estadual. No entanto, não foi fácil. A santista conta que enfrentou preconceito e teve que se desdobrar no trabalho para provar sua capacidade.

“Era difícil, dificílimo, imagina o que foi ganhar uma pre- feitura como a de Santos. Havia todos os clichês de preconceitos, com o partido, com a figura feminina. De lá para cá, é claro que muita coisa mudou, mas ainda não tanto quanto queremos. A luta feminista aumentou muito, muitas mulheres ascenderam ao poder, principalmente a Dilma Rousseff, que foi presidente da República, isso não é pouca coisa. Mas ainda é pouco por- que, na verdade, nós mulheres ainda não somos protagonistas do poder real que nós temos que ter”, diz Telma, que atualmente é vereadora no município.


De repórter de rua a deputada federal mais votada do PSB no Estado de SP, Rosana Valle decidiu em 2018 encerrar a carreira no jornalismo, após 25 anos, para ingressar na Câmara. Segundo ela, toda sua experiência a encorajou a dar o primeiro passo. Ela revela que foi questionada no início, mas que lutou e continua lutando para ganhar espaço.

“Por vezes, eu tenho de trabalhar duas, três vezes mais, mas entendo que isso me torna ainda mais forte. Quando cheguei, me perguntaram se eu estava lá porque era lha ou neta de político, ou por causa de algum padrinho. Aos poucos, foram vendo que eu estava ali por conta do meu trabalho. Minha credibilidade foi aumentando e os outros deputados e até ministros reconhecendo a representante que sou”, diz a deputada que atua da Baixada Santista e Vale do Ribeira.

Apesar disso, só 15% das vagas no Congresso Nacional são ocupadas por mulheres. A problemática se estende a todas esferas de poder – mesmo com o sistema de cotas de 30% de candidaturas femininas e sendo a maioria do eleitorado brasileiro, com 52,5%, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A cientista política Clara Versiani diz que a obrigatoriedade de cotas não foi su ciente para transformar esta realidade e explica que, por ser uma estrutura marcadamente masculina, a possibilidade das mulheres terem mais expressão dentro da liderança partidária é menor.

“Os partidos são em sua grande maioria controlados por homens e isso sem dúvida nenhuma se constitui num empecilho. Eles investem pouco nas lideranças femininas, então elas têm pouca possibilidade de expressão, de inclusive realizar as alianças ou até mesmo a militância dessas mulheres. Elas ficam muito limitadas”, diz.

Ainda, segundo a especialista, outro fator excludente são as “candidaturas laranja”, onde a verba que deveria ser usada para a campanha da candidata é repassada a outro candidato.

Outra problemática diz respeito à própria condição da mulher na nossa sociedade, à sobrecarga pelo papel doméstico, junto do papel materno, e também pela dupla ou tripla jornada de trabalho.

“A participação feminina tanto será maior quanto maior forem os espaços de expressão das mulheres. Então, à medi- da que as mulheres” conclui a cientista.

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