De nação rendida à potência econômica: a recuperação do Japão

O país será o primeiro a sediar as Olimpíadas pela segunda vez, mas enfrenta novas lutas

Por Luana Chaves

A relação do Japão com as Olimpíadas apresenta uma corrida contra o tempo e não é de hoje. Enquanto em 1964, a região se recuperava dos destroços e da rendição aos EUA durante a 2ª Guerra Mundial para receber os jogos pela primeira vez, em 2020 o país teve que adiar a 32ª edição dos Jogos Olímpicos devido à pandemia do coronavírus.

Em um cenário de superação, a potência asiática se prontificou a sediar os Jogos Olímpicos de 1964 após ter o direito adiado em 1940, com o início da guerra. As reformas prontas chocaram o mundo, que parabenizou o país pela estrutura e a reconstrução que conseguiram realizar em poucos anos. Atualmente, com o crescimento da contaminação pelo Covid-19, vírus que causa o surto de Coronavírus, os japoneses aguardam as resoluções para poderem enfim dar início aos jogos.

No entanto, antes mesmo de começarem – e de serem adiadas - as Olímpiadas que aconteceriam em 2020 já bateram um recorde: o de maior participação feminina da história dos Jogos. Após 56 anos desde a primeira edição sediada em Tóquio, as mulheres serão quase metade dos atletas.

O percentual de atletas femininas para a próxima competição é de, aproximadamente, 48,8%, apresentando um crescimento de 35,6 pontos percentuais em relação a 1964. Apesar da conquista, o país não é exemplo de valorização do movimento feminista e, em 2017, ocupou a 114ª posição no Ranking de Igualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial.

Contudo, apesar de perder na modalidade de igualdade de gêneros, o Japão é símbolo de recuperação para muitos outros países. Se em 1964 sofriam as consequências da rendição aos EUA em 14 de agosto de 1945, data em que as bombas nucleares atingiram as cidades de Nagasaki e Hiroshima, hoje, a nação carrega o título de 7ª maior potência econômica do mundo, de acordo com o ranking divulgado pelo US News and World Report no início deste ano.

Império

Atualmente, o país é governado pelo Imperador Naruhito, que herdou o trono do pai em 2019, sob o modelo de Monarquia Constitucional Parlamentarista. Essa é uma, entre muitas, das tradições do país. A cultura dessa nação se diferencia com roupas, comidas, crenças e tradições, mas inclui principalmente a reconstrução diária de um país atacado por bombas e fenômenos naturais, como terremotos e tsunamis.

Os japoneses se superaram a cada conflito geográfico, ambiental, social e econômico, motivo pelo qual sua ascensão ficou conhecida como Milagre Econômico Japonês.

Após o anúncio de que os jogos seriam adiados, mas não cancelados, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paraolímpico Internacional (CPI) definiram que a 32º edição do torneio acontecerá entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021. Isso se a pandemia der claros sinais de solução até lá.