As emoções das reportagens regionais do maior evento multiesportivo tiveram de ser adiadas
Por Yasmin Braga
Há 20 anos, a imprensa regional cobre os Jogos Olímpicos. Desde 2000, em Sidney na Austrália, jornalistas da Baixada Santista acompanham o maior evento mundial do esporte. Entretanto, graças a pandemia do novo coronavírus, os olhares e câmeras mudaram de foco e a tão aguardada Olimpíada de Tóquio foi interrompida e adiada para 2021.
O diretor de jornalismo da TV Tribuna, Eduardo Silva, revela que já esperava a suspensão dos Jogos Olímpicos e que diante do impacto mundial causado pelo covid-19 esta foi a melhor escolha. “No começo, achei que seria possível adiar, mas depois com a situação ficando mais grave, vi que não seria possível outra decisão. É triste para quem gosta do esporte, mas prevaleceu o bom senso. Por mais que seja complicado para um atleta que se dedicou tanto em um ciclo olímpico, a saúde está em primeiro lugar”.
Apesar da dificuldade que atletas encontrarão em manter a preparação durante o período de hiato, a boa notícia é que segundo a Agência Mundial Antidoping (Wada), os esportistas que estavam suspensos para os jogos deste ano e cumprindo punição por doping podem estar aptos a competir para uma vaga no próximo ano, desde que finalizem a sentença até as novas classificatórias.
Mesmo com a mudança, Eduardo Silva conta que o trabalho da imprensa continua no acompanhamento dos atletas da região: “A cobertura de uma emissora regional é voltada para os atletas, seus técnicos e os esportistas da nossa área de cobertura. Vamos seguir os treinamentos e acompanhar os desafios dos nossos atletas. O trabalho não para”.
“É um momento de muita preocupação com a saúde da família, dos amigos, dos colegas de trabalho e dos esportistas. É uma sensação estranha, mas no próximo ano os jogos vão ser realizados e vamos vibrar com mais uma Olimpíada”, diz Eduardo Silva, Diretor de Jornalismo da TV Tribuna.
COBERTURA REGIONAL
Embora a circunstância de suspensão dos jogos, a jornalista e apresentadora dos programas esportivos Tribuna Esporte e Corpo em Ação, Vanessa Faro, relembra a tradição da TV Tribuna nesse tipo de cobertura especial.
"Em 2000, na Austrália, a cobertura foi feita pelo atual diretor de Jornalismo, Eduardo Silva, e pelo repórter cinematográfico Fábio Pires. “Eles já tinham contato com os atletas, como a Priscila Marques do judô, e o Sanderlei Parrela no atletismo”, conta a jornalista.
Em 2004, foram designados o repórter Leonardo Zanotti e o falecido repórter-cinematográfico Wagner Tavares para a cobertura da Olimpíada de Atenas, na Grécia. Eles acompanharam a primeira medalha olímpica do judoca Leandro Guilheiro. Em 2008, Vanessa foi pela primeira vez para uma Olimpíada com Wagner Tavares nos Jogos de Pequim, na China, assistindo de perto a segunda medalha de bronze de Guilheiro.
Quatro anos depois, em 2012, a afiliada não conseguiu fazer a cobertura em Londres já que a Rede Globo não possuía os direitos de transmissão. A imprensa então acompanhou os familiares e, depois, entrevistou os atletas quando retornaram.
“Na Olimpíada do Rio, fui eu, o repórter cinematográfico Fábio Pires e o repórter Leonardo Zanotti, e mais uma vez fomos sem o credenciamento oficial, mas como afiliada conseguimos entrevistar os atletas”, relata a jornalista sobre a última Olimpíada, realizada no Rio de Janeiro em 2016.
DIFICULDADES
O jornalista Leonardo Zanotti fez a cobertura da Olimpíada de 2004, em Atenas, e a de 2016, no Rio de Janeiro. Além disso, o repórter conheceu mais de 20 países por meio das coberturas esportivas e conta que as maiores dificuldades da equipe de jornalismo foram a locomoção e o credenciamento.
“Geralmente, não vamos credenciados para os Jogos Olímpicos pelo fato de a Rede Globo ter os direitos. Então, o que a gente procura fazer? Os bastidores dos jogos. Nos apegamos a fatos, curiosidades, familiares que estão por lá para acompanhar... Nossa maior dificuldade é a de locomoção e também a de acesso nas áreas de cobertura”.
Vanessa Faro conta que a tecnologia foi uma facilitadora para a imprensa regional nas coberturas olímpicas. Isso graças a uma melhoria nos recursos e equipamentos técnicos. Entretanto, a jornalista lembra que com os anos, ficou cada vez mais difícil conseguir o credenciamento necessário para a locomoção e acesso aos jogos.
“Hoje, com o celular, a qualidade pode não ser a mesma, mas já melhorou bastante para nós, da afiliada, facilitou o trabalho. Por outro lado, parece que o credenciamento foi piorando e diminuindo o acesso”.
A jornalista revelou a sensação de ter participado das coberturas dos Jogos Olímpicos. “É inesquecível. No meu caso, que trabalho no jornalismo esportivo há mais de 20 anos na TV Tribuna, é o ápice. Foi uma realização profissional e pessoal, que me trouxe muita felicidade e mais ânimo para trabalhar e continuar fazendo o que eu gosto”.