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Eleições: falta de escolaridade pode impactar na escolha de candidatos

  • Luana Chaves
  • 6 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Além do baixo grau de instrução, a falta de educação política pode contribuir para o aumento de analfabetos políticos na sociedade


Por Luana Chaves


A falta de escolaridade é um fator presente na vida de vários brasileiros. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, apenas 41,7% do eleitorado concluiu o Ensino Médio. Ou seja, quase 87 milhões de eleitores não puderam, ou quiseram, incluir esta etapa em seu currículo escolar. Contudo, a falta dessa formação pode atrapalhar diretamente no desenvolvimento do senso crítico de um cidadão, essencial para a análise e tomada de algumas decisões importantes, como a escolha e a fiscalização de candidatos a governantes.


Segundo a cientista política Clara Versiani, a questão da falta de escolaridade é, sem dúvidas, “uma variável importante na maneira como votam os eleitores”. Ela explica que a experiência da escola ajuda o indivíduo a adquirir uma noção de cidadania, já que o local funciona como um espaço de socialização.


Além disso, o aprendizado influencia na definição das escolhas, pois, quanto mais conhecimento e referências o cidadão tem, mais consciência de escolha ele terá. Por outro lado, Versiani ressalta que essa noção de cidadania pode ser adquirida também fora da escola, como no trabalho ou em atividades de socialização, mas, o que realmente engaja o indivíduo às causas políticas e sociais, é a educação política. Um exemplo disso são os candidatos que não possuem formação superior ou especializada, mas, mesmo assim, conseguem ser eleitos e cumprir suas funções.


Dos candidatos aos cargos públicos de 2020, apenas 24,34% possuem ensino superior completo, o que pode auxiliar na formação de estratégias e resolução de problemas de maneira mais técnica, mas, não necessariamente define que esses mandatos serão melhores ou inferiores aos dos candidatos sem essa formação. Mas no que a escolaridade pode realmente diferir?


Para a especialista, a falta de conhecimento expõe o cidadão a uma possibilidade maior de manipulação, pois fica mais difícil analisar a veracidade das informações. Para evitar essa exposição e o analfabetismo político, conforme explica a professora de sociologia Dida Dias, a principal função da educação política, matéria ensinada principalmente em sociologia no Ensino Médio, é “dar condições para que o cidadão ou cidadã tenha formas de fazer uma análise crítica da sociedade” e entender as relações antropológicas e o papel desempenhado por cada instituição social, seja para os eleitores, ou para os candidatos.


A socióloga acredita que, se toda a população obtivesse mais acesso a esse aprendizado, haveria uma escolha e fiscalização mais efetiva do eleitorado em relação aos governantes.


Muitas pessoas se aproveitam da ignorância para manipular e moldar a opiniões dos eleitores, ou passar quatro anos do mandato sem realizar suas promessas, sabendo que nada lhes será cobrado, até porque, alguns eleitores sequer se lembram a quem destinaram seus votos nas urnas alguns meses depois. Por isso, além de votar, é importante que a população acompanhe e fiscalize o dia a dia dos governantes, sendo a educação a chave para combater o analfabetismo político e uma importante aliada contra influências negativas. Do contrário, a falta dela pode tornar o indivíduo suscetível a inverdades e omisso aos erros do Estado.


"A experiência da escola ajuda o indivíduo a adquirir uma noção de cidadania, já que o local funciona como um espaço de socialização" (Clara Versiani)

 
 
 

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