top of page

Bertioga tem recorde de candidatos

  • yb191402
  • 6 de nov. de 2020
  • 7 min de leitura

Entre a serra e o oceano, a cidade mais jovem da Baixada Santista conta mais uma vez a recente história política até as urnas 


Por Yasmin Braga

Em 19 de maio de 1991 surgia Bertioga. Por meio de plebiscito popular naquela data, o então distrito histórico e turístico pertencente a Santos passou a usufruir do direito primordial político e desde 1992 sua população pode escolher seus governantes, passando por um processo de reformulação na sua administração pública, incluindo um processo de estruturação transformador. 


Em meio a metamorfose e às vésperas das eleições municipais, a cidade enfrenta problemas até então considerados comuns, mas estampa noticiários da região com denúncias e irregularidades. Entre as principais queixas, estão o transporte e a saúde do município, que devido aos leitos de UTI instalados na cidade, foi alvo de investigação pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) em tempos de pandemia.


Segundo levantamento realizado pelo Sistema Santa Cecília em parceria com a Badra Comunicação, o atual prefeito Caio Matheus (PSDB) lidera com 47,8% dos votos, seguido pelo vereador e principal candidato à oposição, Sílvio Magalhães, (PSB) que conta com 8,8% de votos na pesquisa estimulada. Ao todo, serão oito candidatos, um recorde.



Em um recorde, oito candidatos disputam a vaga para a prefeitura do município / Divulgação Prefeitura de Bertioga

PROBLEMAS

O levantamento também apurou que os problemas prioritários de Bertioga estão relacionados a falta de médicos especialistas e ao transporte público do município. 


Candidato à reeleição, Caio Matheus, conta que o problema na mobilidade está presente na cidade há algum tempo, o que levou ao rompimento do contrato com a empresa responsável pelo deslocamento da população. 


"Quando assumimos a gestão, recebemos um contrato cujo modelo não atendia à necessidade do município, que acabou sendo declarado irregular pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Nesse momento, passamos a adotar todas as ações necessárias para a realização de uma nova concessão que realmente atendesse ao que a população precisa", diz ele. 


Após o TCE suspender a licitação para que outras empresas se candidatassem ao contrato de concessão, oferecendo o serviço de transporte à população, a administração municipal teve de justificar o processo licitatório. 


"Foi publicado um Plano de Mobilidade Urbana e realizado estudo de viabilidade para garantir que o modelo de transporte fosse efetivo. Todas as etapas necessárias para a publicação deste novo edital foram cumpridas. Infelizmente, ocorreram questionamentos impertinentes que foram devidamente respondidos pelas autoridades competentes". 


Após inúmeras paralisações dos funcionários da Viação Bertioga devido ao atraso nos salários e benefícios, o contrato foi definitivamente rompido e a empresa City Transporte assumiu como prestadora do serviço, mantendo o itinerário e linhas já conhecidas pela população. Segundo o prefeito, um acordo foi realizado e todos os funcionários dispensados devem ser recontratados pela nova empresa de mobilidade da cidade. 


Entretanto, segundo o atual vereador e candidato ao cargo de prefeito, Sílvio Magalhães, o município vasto em extensão territorial também sofre com a falta de transporte público devido a falha no atendimento aos núcleos habitacionais, fazendo com que a população espere por horas em pontos de ônibus. 

"A prefeitura já deveria há muito tempo tomar uma atitude, por meio de intervenção ou plano emergencial, mas não faz. A gestão atual não preza por antecipar os problemas. Ela deixa acontecer para depois tentar resolver. Com isso, voltamos à estaca zero", diz.


Mesmo assim, para ele a área mais delicada é a de saúde. “Em Bertioga, temos a falta de especialistas, exames atrasados e cirurgias que deveriam ser programadas, mas não são, pois não há um plano de ação que possamos cumprir com a necessidade dessas pessoas”, conta. 

MANDADOS

Em julho, a cidade fez parte de investigação realizada pelo GAECO Santos e pela Polícia Civil, sob acusação de possíveis fraudes em contratos de equipamentos de saúde. A operação do Ministério Público cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em Bertioga e em outras cidades da Baixada Santista. 


“Hoje a área mais delicada que temos dentro do município é a da saúde, onde nós identificamos a maior parte das irregularidades, principalmente em função da liberdade que se obteve na dispensa de licitações e de contratação direta. Tanto que denunciamos no GAECO e os promotores estiveram no município fazendo a apreensão de vários contratos e documentos. Então, foram abertos inquéritos que ainda estão sendo investigados para que se faça justiça, ou seja, a devolução dos recursos para os cofres públicos”, conta Magalhães, responsável por levar a denúncia ao Ministério Público. 


A prefeitura manifestou-se por meio de nota oficial e colocou-se à disposição das autoridades na entrega de documentos e informações solicitadas para esclarecimento. Mesmo assim, lamentou a ação, a qual julgou desnecessária, pois colaboraram com o fornecimento de informações e documentos, sendo a mais interessada na clareza e transparência do caso, que até o momento segue sob investigação.


“Atualmente, Bertioga já conta com atendimento em diversas especialidades, além de exames como tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia geral e obstétrica, cintilografia, punção de mama e exames laboratoriais específicos. Com a conclusão do novo Centro de Especialidades Médicas e abertura de concurso para médicos especialistas, vamos melhorar a qualidade do atendimento à população, tornando-o ainda mais rápido e eficiente”, diz o atual prefeito, Caio Matheus, sobre a saúde da cidade. 

CAMPANHA POLÍTICA

Em meio a pandemia, as campanhas dos candidatos à prefeitura tiveram de ser adaptadas ao novo momento. Para Caio Matheus e Silvio Magalhães não foi diferente e ambos se adequaram ao período incomum da agenda eleitoral.


“A principal diferença será com relação ao contato com as pessoas de forma presencial, o chamado “corpo a corpo”.

As restrições impostas pela pandemia limitarão os encontros presenciais, que deverão seguir as determinações sanitárias e o distanciamento social. Por isso, esta campanha será ainda mais digital do que a anterior. Com certeza, a presença nas redes sociais terá mais força do que nunca”, conta Caio Matheus, que tentará permanecer no cargo pelo segundo mandato consecutivo. 


Para o vereador Silvio Magalhães o cenário de campanha está sendo feito quase todo digital, utilizando das plataformas da internet para a divulgação de propostas e o trabalho que pretende realizar no município caso seja eleito. 


“Temos feito um trabalho muito mais voltado para as mídias sociais, divulgando nossas atividades pela internet. Ao mesmo tempo, estamos fazendo algumas reuniões, no entanto, levando em consideração o espaço, com muita ventilação e respeitando as regras do distanciamento, com máscara e álcool em gel. Mesmo com a dificuldade da pandemia, temos conseguido levar nossa mensagem e propostas, trilhando por essa nova e inédita versão”, conta ele.


Quanto as propostas, ambos os políticos pretendem investir em saúde, educação e infraestrutura para o município, na tentativa de gerar empregos para a população e amenizar o efeito pós pandemia. 


“Quando assumimos a gestão em 2017, Bertioga estava sob decretos de emergência financeira e na saúde. Isso fez com que no início do mandato os esforços fossem voltados a organizar as finanças e reequilibrar o orçamento do município para que pudéssemos investir em áreas importantes, como saúde, educação, turismo e infraestrutura urbana. Os resultados positivos nas pesquisas eleitorais realizadas recentemente apontam que estamos no caminho certo. Mas ainda há muito por fazer e nossa meta é continuar trabalhando, garantindo mais qualidade de vida e oportunidades para todos”, diz Caio Matheus.   

 

O vereador Silvio Magalhães considera-se oposição ao atual governo e comenta que há muito o que ser feito em relação as áreas principais e prioritárias de Bertioga. “Nesses dois anos venho exercendo a fiscalização dos contratos em relação a forma da gestão do nosso recurso público. Supervisionando, encontrei muitos desmandos e coisas fora da normalidade da administração pública. Então fico em uma posição de oposição, controlando de maneira sistemática para onde vai o recurso público. Se formos contemplados com a vitória, as três coisas básicas que vamos investir são: saúde, educação e infraestrutura do município”.


Além disto, Silvio quer investir em novas formas para gerar renda à população e ampliar os negócios locais, por meio dos próprios recursos naturais oferecidos pelo Parque Estadual da Restinga de Bertioga. 


“Nós pretendemos fazer uma série de ações voltadas principalmente ao Parque, trazendo parceria com institutos de pesquisa e desenvolvendo projetos voltados a área de piscicultura e aquicultura. Vamos fortalecer o turismo por meio da criação de parcerias públicas e privadas, para atrair principalmente o turismo de negócios, buscando dentro desse universo, saídas para nosso jovem trabalhador encontrar seu espaço no mercado de trabalho e cuidar cada vez melhor da sua família, saúde e cidade”, complementa.

CENÁRIO PÓS-PANDEMIA

Mesmo com a dúvida recorrente sobre quem será o escolhido pela população bertioguense para seguir na administração pública, existe ainda uma certeza: não será fácil. Em um cenário pós-pandemia, o desemprego e os recursos financeiros altamente controlados podem fazer parte de uma realidade já prevista. Entretanto, a maneira como cada candidato pretende contornar as adversidades e apagar o rastro deixado pelo coronavírus dentro do jovem município é o que pode decidir quem vai se sair bem nas urnas. 


“O que mais me assusta hoje é a questão da saúde e do desemprego. Estamos em uma área turística e a primeira coisa que se corta do orçamento de uma família de classe média é o turismo. Por isso, sofremos um impacto muito grande, já que na pirâmide econômica, nós somos a base, os prestadores de serviço. Com o problema da pandemia e os cortes, a nossa economia foi muito afetada. Nós temos aqui uma saúde deplorável e em contrapartida um desemprego assustador”, diz Silvio Magalhães. 


Em um cenário quase pós-apocalíptico, a previsão do vereador é de que a maior parte dos gastos sejam contidos e os recursos investidos apenas nas prioridades das áreas básicas do município. 


“Após a epidemia, Bertioga vai enfrentar grandes dificuldades financeiras. Nós imaginamos que vai haver uma queda na arrecadação, nos obrigando a ter um olhar atento as questões que são prioritárias, como saúde, educação e transporte. No cuidado da infraestrutura, vamos ter que fazer um planejamento de austeridade, mais ainda do que já poderíamos e deveríamos fazer. Vamos ter que avançar contendo o máximo possível do nosso recurso e gastá-lo apenas com as prioridades”, revela o candidato. 


Para Caio Matheus, a flexibilização e retomada gradual das atividades implementadas em Bertioga amenizaram o forte impacto negativo da pandemia na economia, mas ainda assim, a expectativa é de diminuição no valor arrecadado pelo município. 


“Os setores de comércio e serviços já estão começando a se recuperar e as projeções apontam para uma retomada mais rápida. Além disso, mesmo durante a pandemia, continuamos executando obras públicas, colaborando para a geração de emprego e renda e o fortalecimento do turismo e do comércio. Contudo, há a previsão de uma retração na arrecadação do município em relação às transferências governamentais, em especial de royalties (valores repassados pelo pré-sal)”, finaliza. 

CANDIDATOS

Além de Sílvio Magalhães (PSB) e Caio Matheus (PSDB), o município conta com outros seis candidatos, apresentando um recorde na história das eleições da cidade. O servidor público Kaled Ali disputa o cargo de prefeito pelo partido Democracia Cristã (DC) e a advogada Lucília Goulart é candidata pelo Partido Liberal (PL). O ex-prefeito Mauro Orlandini, após comandar por 12 anos a gestão pública, tenta novamente ficar à frente do cargo político, desta vez pelo Partido Social Liberal (PSL). O advogado Paulo Cezar tenta a vaga pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), assim como a candidata Professora Lucélia do Partido dos Trabalhadores (PT) e Sidmar Oliveira do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). 

 
 
 

Comments


logo.jpg

Faculdade de Artes e Comunicação - FaAC

  • Instagram - White Circle
bottom of page