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Conheça a trajetória do jornalista Evandro Siqueira

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    piunisanta
  • 31 de ago. de 2018
  • 4 min de leitura

Por Thaíris Canhete



Evandro Siqueira (à direita) momentos antes da prisão de Guilherme Longo, em Barcelona, Espanha. Foto: Arquivo Pessoal
Evandro Siqueira (à direita) momentos antes da prisão de Guilherme Longo, em Barcelona. Foto: Arquivo Pessoal

“Saudações ao professor Nelson Maia Schocair!” Evandro Siqueira relembra suas aulas de redação em um cursinho dos anos 90. Acredita que foi ele o responsável direto pela escolha de sua graduação.


Formado em Jornalismo pela Universidade Santa Cecília e atualmente produtor investigativo do time do Fantástico, da Rede Globo, explica como escolheu a profissão.

Graças ao professor Nelson, que identificou o talento de sua escrita, hoje mais um jornalista cumpre seu papel social.


“Em um dia de aula, no segundo semestre, ele me devolveu uma de minhas redações corrigidas e questionou qual faculdade eu faria. A pergunta ainda não tinha resposta, mas Nelson colocou como sugestão jornalismo. Elogiou meu texto e passou a me dar algumas dicas”, comenta.


Naquele mesmo dia, Evandro pensou, não por muito tempo e decidiu. Faria jornalismo. Imaginar seus pais folheando com orgulho as folhas de A Tribuna durante os finais de semana com uma matéria assinada por ele foi a motivação final que faltava.


“Acabei entrando na onda e peguei mais gosto pela escrita. Passei a me inscrever nos vestibulares e sempre colocava Jornalismo como primeira e segunda opção”, conta.

Evandro Siqueira, formou-se na turma de 1998 e relembra sua trajetória na Universidade com detalhes. Escolheu a instituição, pois na época era uma das únicas da Baixada com uma redação parcialmente informatizada. Em tempos onde as redações ainda contavam com máquinas de escrever, computadores tornavam-se um diferencial.

Do início da faculdade, o jornalista relembra o contato com profissionais da área desde o começo e acredita nessa importância para a formação do aluno.


Faz questão de citar Gerson Moreira de Lima como um professor marcante. A animação durante as aulas e a rigidez no ensino foram essenciais na Universidade. O balcão da cantina de uma escola de Guarujá, mesmo que de forma implícita, também foi importante para o caminho percorrido pelo profissional.


Durante o curso, era nesse local que trabalhava e ajudava a desenvolver um jornal interno e pequeno. Graças à experiência obtida na área que o profissional passou a integrar o time do jornal impresso Âncora, feito dentro de uma outra escola, localizada também em Guarujá: a Adélia Camargo Correa.


Começava aí o percurso que lhe levaria onde está hoje. Desenvolveu durante anos cargos dentro da Prefeitura de Mongaguá, do Jornal A Tribuna e da TV Tribuna, como produtor de reportagens especiais.


Graças ao destaque regional, colocou matérias em pouco tempo dentro da rede nacional e logo passou a ser convidado para cobrir férias de profissionais do Fantástico. Sem pretensão, foi oficialmente contratado em setembro de 2009, onde permanece até hoje. A primeira matéria para o veículo continua na lembrança do jornalista.


“Recebemos uma sugestão de pauta sobre a extração ilegal de palmito na Mata Atlântica, mais especificamente na região do Vale do Ribeira. A matéria cresceu muito. Foram uns oito minutos e inclusive ganhou um prêmio da SOS Mata Atlântica. Foi interessante passar para o público o que tem por trás daquilo que a gente come”.

Falando em prêmios, o jornalista já ganhou alguns como forma de reconhecimento pelo trabalho, como o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, oferecido pelo Instituto Brasileiro de Combate ao Crime e o Disque-Denúncia do Rio de Janeiro. A matéria sobre A Yakuza no Brasil, desvendou acordos da máfia japonesa no Brasil e no Japão e acusou o envolvimento de imigrantes brasileiros no crime organizado.


Perguntado sobre a matéria mais importante de sua carreira, não titubeia ao afirmar que foi a prisão em Barcelona, do suposto assassino do menino Joaquim, de três anos. Essa matéria não lhe rendeu oficialmente qualquer prêmio, mas lhe permitiu desempenhar o papel social que tanto acredita ser importante atualmente na profissão.


O caso aconteceu em Barretos, no final de 2013 e foi ele o produtor escalado para cobri-lo desde o início. O padrasto de Joaquim, Guilherme Longo, foi preso e dois anos depois solto pela Justiça, para responder em liberdade. Foragido após a soltura, o produtor recebeu informações do paradeiro do acusado e seguiu para o suposto destino, em Barcelona, na Espanha.


Com uma apuração exclusivamente jornalística, um intenso trabalho de pesquisa e sem o auxílio da polícia, Siqueira conseguiu localizar Guilherme no país. Com a polícia internacional avisada e um esquema de captura armado, o suspeito foi preso e voltou ao Brasil, onde cumpre pena e aguarda julgamento final.


“Eu me passei por um comerciante espanhol e marcamos um encontro com ele. A polícia organizou uma operação com a nossa ajuda. É um sentimento gratificante. Me faz acreditar que a profissão cumpriu o seu papel social. Demorei 20 anos para fazer a matéria da minha vida. O prêmio que ganhei com ela não veio acompanhado de qualquer troféu. Foi mais que isso: a sensação de dever comprido”.


Sobre o futuro do jornalismo, acredita na permanência dos veículos e profissionais que ainda sabem contar uma boa história. Confia na qualidade, na profundidade da apuração e na importância do impacto das matérias.


Aos recém-formados e futuros jornalistas, aconselha o consumo de muita informação na área onde desejam trabalhar.


“Optem por produtos de qualidade, consumam informações de veículos confiáveis e então vocês vão estar se preparando para o futuro. Foi isso que me ajudou a conquistar meu espaço”.

Quanto ao professor Nelson, carioca de nascimento, lança seu primeiro romance em abril desse ano. Ele continua lecionando. Sem seu comentário durante um dia comum de aula em 1994, Evandro poderia ter se tornado engenheiro, biólogo ou advogado e as matérias talvez tivessem um final diferente.


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